Dia da Liberdade
Há exatamente 50 anos houve uma revolução em Portugal, que derrubou a ditadura, foi o mais longo regime autoritário na Europa Ocidental durante o século XX, foram 48 anos.
Por esse motivo, hoje, dia 25 de Abril, comemora-se o Dia da Liberdade.
A revolução trouxe-nos muitas formas de liberdade:
- liberdade circulação
- liberdade de voto
- liberdade de pensamento
- liberdade de expressão
- liberdade de imprensa
- liberdade religiosa
A ditadura terminou há 50 anos, mas hoje eu sinto que sou menos livre que há 20 anos. Cada vez mais, vivemos numa sociedade mais intolerante a um pensamento diferente do seu. Foram movimentos de esquerda que mais lutaram pela liberdade no período da ditadura, mas agora, uma esquerda radical quer impor as “suas liberdades” e os “seus pensamentos”, restringindo as liberdades e pensamentos de outros.
Uma coisa é acreditar que comer cenoura faz bem aos olhos, ou coisa é querer obrigar todas as pessoas a comerem cenoura. Na minha concepção de Liberdade, quem quiser come cenoura, quem não quer não come, simplesmente isto.
A partir do momento que começamos a restringir o pensamento de outro, onde está a liberdade de pensamento. Quanto temos que pensar duas ou três vezes, antes de dizer publicamente ou publicar algo online – com medo das repercussões – é porque não somos livres. A partir do momento onde existe medo, logo não existe liberdade de pensamento e de expressão.
A plenitude da Liberdade não significa que podemos fazer tudo, é claro que existem algumas restrições, desde que não invada/impeça a liberdade de outro.
Eu sou um forte defensor da máxima, a nossa liberdade termina quando começa a liberdade do outro, é pura verdade.
A sociedade está cada vez mais intolerante a opiniões contrárias à sua, as pessoas não querem ser livres, querem impor o seu pensamento. Não querem diversidade de pensamento, querem pensamento único. Não é possível uma democracia com um pensamento único.
No passado a censura era feita por policiais, agora é por grupo organizado ideologicamente, atrás de um teclado ou através da pressão pública/mediática, a política do cancelamento.
Eu não consigo compreender, o que aconteceu nos últimos 20 anos, que provocou uma mudança tão drástica na sociedade, onde houve um retrocesso na liberdade. Chegámos ao cúmulo de suspender a liberdade de circulação ou bloquear contas bancárias apenas por discordância de opinião. Ou colocar em causa a propriedade privada.
Liberdade não é anarquia, não é fazer o que vai na real gana, mas sim respeitar o próximo e respeitar a si próprio. Fazer aos outros, o que queremos que façam a nós. Em suma, respeito e responsabilidade.
Outro ponto sensível da actualidade é as fakenews, em nome de acabar com
as fakenews, os países estão a criar leis que restringem a liberdade de expressão. Organismos estatais, políticos em cargos estatais e jornalistas têm a obrigação de dizer a verdade, não podem fazer fakenews.
Mas um cidadão individual, sem cargos políticos, não poderá ter a liberdade de mentir?
Na opinião tem a liberdade de mentir, também tem a liberdade de ofender alguém, mas terá que arcar com as consequências legais desse ato, em tribunal claro. Não faz qualquer sentido, bloquear preventivamente alguém nas redes sociais, isto limita, impede o direito à liberdade de expressão.
Quantos copérnicos são cancelados nas redes sociais?
O julgar da verdade ou mentira é sempre limitada aos dados existentes, esses dados podem mudar ao longo do tempo. Como dizia o mítico Pimenta Machado, “o que hoje é verdade amanhã é mentira”.
Isto leva-nos a outro problema, terá que existir alguém, um juiz que decida o que viola ou não a lei, verdade ou mentira. Só um juiz pode ter o poder de decidir, nunca um político ou um qualquer funcionário de uma bigtech. Mesmo os juízes têm as suas limitações, porque limitam-se a cumprir a lei, lei feita pelos próprios estados. Um estado em caso de discordância com algum tribunal, basta mudar a lei, o estado tem um poder absoluto.
A incitação ao ódio e as Fakenews, são algo tão abrangente e ao mesmo tempo abstrato, onde é possível fazer infinitas interpretações. Os governos aproveitam desse abstracionismo para limitar as liberdades dos seus cidadãos.
Liberdade monetária
A revolução trouxe-nos muitas liberdades, mas a liberdade fundamental ainda não conseguimos adquirir, a Liberdade monetária/financeira, sem esta, as restantes liberdade não poderão ser exercidas na sua plenitude. Necessitamos de uma sociedade que incentive a liberdade de pensamento, um pensamento crítico.
Tem que existir uma separação real da política monetária, do poder político. Será tão ou mais importante para a humanidade, como foi a separação da religião, do poder político.
Passados 50 anos, em termos gerais, o nível de ensino melhorou em Portugal, mas em termos de literacia financeira, pouco melhoramos. Existindo partidos políticos que são abertamente contra a educação financeira nas escolas, segundo eles, o conhecimento pode levar as pessoas a fazer escolhas erradas. Curiosamente, o antigo regime tinha uma política similar. Porque um povo inculto é mais obediente, submisso e menos pensante, mais ignorante.
Curiosamente, esse partido apoia um grupo extremista, de criminosos, que destrói património, ataca pessoas, roça o terrorismo, tudo com o pretexto da causa ambiental. Todos temos a liberdade e direito de protestar, desde que não invada no direitos de outros, desde que não destrua património de outros, desde que não agrida outros e que não impeça que outros trabalhem. O partido apenas apoia na surdina, porque nem tem coragem para o admitir publicamente que o apoia.
Se algo é a representação clara do que é liberdade é o Bitcoin. É a liberdade pura. Mas isso não significa que todos os bitcoiners defendam a liberdade plena, como em todo o lado existem os radicais.
Se nós queremos ter a liberdade de utilizar o bitcoin, também temos que aceitar com naturalidade, as pessoas que não querem ter, não podemos ofender por terem uma opinião diferente da nossa. Se nós somos contra o uso forçado da moeda FIAT, não podemos ser a favor do uso forçado do bitcoin, é uma incongruência. Temos que ser a favor da liberdade monetária, os cidadãos devem ter a liberdade de escolher a moeda que querem transacionar. Se as duas partes concordam em fazer uma transação numa respectiva moeda, qualquer que seja a moeda, não devem existir restrições legais que o impeçam.
Até entre nós bitcoiners mais puristas temos que exigir, a nós próprios, mais liberdade, aceitar pensamentos e visões diferentes, isso é liberdade, não existem verdades absolutas, não existe uma visão única sobre o Bitcoin. Liberdade é isso, cada um faz e usa como quer. Não existem uns superiores aos outros, somos todos bitcoiners.
A rejeição ao FIAT e ter 100% exposto a bitcoin não deve ser uma obrigação, mas sim um caminho longo que pode ser percorrido à velocidade de cada cidadão, ao seu próprio ritmo.
Não devemos ser tão críticos ou ofender uma pessoa por utilizar a Liquid (ou Cashu), se utiliza a Liquid é porque a sua condição financeira não permite utilizar a Layer 1, mas quer estar exposto a bitcoin. É verdade que Liquid não é exatamente igual a Bitcoin, mas é substancialmente superior a quaisquer outras cripto ou shitcoin.
Será que temos o direito de criticar um cubano por este utilizar Liquid, ele não tem condições financeiras para fazer transações na L1, 10$ de taxa, é o salário semanal dele. Claro que não devemos criticar ou chamá-lo de shitcoiner por este utilizar Liquid.
Hoje em dia, já milhões de pessoas estão impedidas de utilizar a L1, onde a sua única alternativa é utilizar Lightning Network custodial ou Liquid. Neste cenário, eu considero a Liquid muito mais segura.
Hoje são os mais pobres de estão impedidas de utilizar a L1, mas num futuro próximo, sermos nós a ter estas dificuldades, possivelmente faremos 1 ou 2 transações por ano na l1, enviaremos os fundos para uma layer 2 (como a Liquid) e a partir desta vamos fazer os pagamentos do dia-a-dia. Esta situação é inevitável.
Também não devemos criticar quem não faz auto-custódia, no máximo devemos aconselhar, explicar qual é a melhor solução. Mas a decisão final é do indivíduo, que deve ter a liberdade de escolher a custódia que mais se adequa ao seu perfil. Nós só nos resta respeitar essa decisão. A auto-custódio é um assunto bastante sensível, para nós mais puristas a auto-custódia é essencial, mas nós somos uma minoria muito pequena, a maioria da população não quer ou não tem conhecimentos para ser soberano. Com o tempo, possivelmente algumas destas pessoas vão aprender a fazer a auto-custódia, mas a maioria nunca o fará. Estas pessoas têm todo o direito de ter bitcoin, e nós mais experientes devemos aconselhar quais os melhores serviços, é preferível um sistema com um custódia partilhada (tipo Bitkey) do que utilizar exchange. O que é inaceitável, é as pessoas quererem ter bitcoin mas só não o tem porque tem medo de fazer a auto-custódia, é mil vezes preferível utilizar um sistema de custódia partilhada do que ter zero bitcoin.
Como digo em cima, as pessoas têm a liberdade de criticar ou de ofender, mas depois terão que sofrer as consequências dos seus atos, que neste caso, que devido à agressividade nos comentários vão afastar os novatos, atrasando a adoção do Bitcoin.
Todos somos bitcoiners, apenas temos visões e utilização diferente.
Hoje é 25, mas ontem na véspera da celebração da Liberdade, a Política Judiciária deteve um programador informático, acatando ordem de extradição dos EUA. Que país é este, que liberdade é esta, que prende alguém que apenas escreveu algumas linhas de código.
Na minha opinião, o auge da liberdade foi por volta dos anos 2000, de lá pra cá tem existido uma gradual deterioração das liberdade e dos direitos. Se nada for feito, qualquer dia será tarde demais… quando começamos a ceder liberdades em prol de segurança, vamos acabar por perder a segurança e a liberdade.
Falta ainda cumprir Abril!